Entrevista dada pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, Vasco Fernandes, ao Jornal Badaladas.
Provedor mantém funções há 16 anos
No próximo sábado, dia 13, pelas 16 horas realiza-se a tomada de posse dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, para o quadriénio 2018/2021. Vasco Fernandes, provedor daquela casa desde 2002, continuará nas mesmas funções.
Ao Badaladas o provedor fez uma breve exposição sobre a sua vida nas últimas duas décadas.
“Entrei na Misericórdia em 87 ou 88, não me recordo bem”, conta. Fez parte da primeira mesa administrativa entre 1989/2002. Durante três mandatos consecutivos foi vice-provedor. Em 2000 assume o novo mandato como provedor executivo. E, em 2002, é eleito pela primeira vez como provedor da Santa Casa, cargo que mantém até à data, ininterruptamente, dedicando grande parte do seu tempo, de segunda-feira a sábado, sem auferir qualquer vencimento. “Sou apologista que a Mesa Administrativa não deve ter qualquer vencimento”, referiu. “Nunca auferi um centavo desta Misericórdia, mas dei muito do que era meu, fiz milhares de quilómetros com o meu carro sem pedir qualquer valor, visitando outras instituições”.
Aquando da sua entrada deu-se início a um novo capítulo na instituição. “A Misericórdia estava muito precisada de obras. Tudo estava velho”. Com o apoio da Mesa Administrativa avançou com obras no centro de dia, que hoje tem todas as condições. A igreja de Santiago, nessa altura, também sofreu alguns estragos devido a obras realizadas junto ao edifício. “Gastámos 150 mil euros, nessa altura”, recorda. “Estava também determinado a restaurar uma parte da Escola Comercial Padre Joaquim Maria de Sousa, por cima da antiga loja Luís Pereira. Foi a primeira obra da minha responsabilidade”, relembra. Pela sua alçada passaram também as obras da atual creche, embora as instalações sejam propriedade da Segurança Social.
O projeto do Lar do Sarge ainda pertenceu ao anterior provedor, Joaquim Mendes, mas foi no seu mandato que as obras de desenrolaram. Surgiram depois as residências Domus e o Salão de Festas.
“Mas as obras no Sarge ainda estão por completar”, avança Vasco Fernandes, deixando para a tomada de posse algumas novidades. Aliás, a sua candidatura ao novo mandato foi a pensar nas obras que ainda estão por realizar e que fazem falta ao concelho. Exemplo disso, são as obras de remodelação do arquivo histórico, na sede da Misericórdia, que vão decorrer até 2020.
O provedor também quis dar cumprimento à promessa que fez a si próprio, quando atravessou um momento difícil da sua vida devido a uma doença oncológica, de continuar a dedicar-se às questões sociais “enquanto Deus Nosso Senhor me der forças e saúde para continuar”.
Atualmente, a Misericórdia tem mais de uma dezena de valências (berçário, creche, apoio ao estudo, pré-escolar, dois centros de dia, apoio domiciliário, residências e clínica Domus, lar, cantina social, loja social e banco alimentar). “É uma tarefa árdua que, feita com boa vontade e com o apoio da Mesa Administrativa e dos corpos sociais, se faz facilmente”, explica o provedor, motivado com o próximo mandato.
Proposta da Câmara Municipal
Aproveitando a ocasião, o Badaladas quis saber qual a opinião do provedor sobre a proposta apresentada publicamente pela Câmara para a Misericórdia receber as instalações do antigo Sanatório do Barro, em troca das instalações do Centro Hospitalar.
A título pessoal, Vasco Fernandes considera que a proposta da autarquia poderia ser pensada. Mas adiantou que a renda daquele hospital faz falta à Misericórdia. Vasco Fernandes entende que o sanatório está muito degradado e a próxima Mesa Administrativa e os respetivos corpos sociais terão de debater bastante o assunto para chegarem à conclusão do que poderá vir a ser feito, com a participação da Câmara Municipal e do ministério da tutela.
Escrito por Ana Alcântara
Publicado em 11-01-2018