O Jornal Badaladas, na sua edição de 7 de Agosto, escreve sobre o Aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras
“Já hoje vos dei um sermão e duas bênçãos”, disse D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, com alguma ponta de humor, no seu discurso durante a inauguração do salão de festas da Misericórdia de Torres Vedras, no passado dia 30 de julho.
Na realidade, foi um dia bastante preenchido para a Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, no dia em que festejou 494 anos de existência. O programa extenso começou logo pelas 11h, com a celebração de Missa, presidida pelo Patriarca de Lisboa, na igreja da Misericórdia, bem no centro da cidade de Torres Vedras.
Ali perto, ao alcance de um atravessamento do Jardim da Graça, a jornada festiva prosseguiu nas instalações da Rua Batalha Reis, onde se efetuaram duas inaugurações. Ambas estão no mesmo edifício, que esteve durante algum tempo destinado a outros serviços e volta agora a ser Centro de Dia e Centro de Convívio, valência que foi criada no mesmo local pelo antigo provedor Joaquim Mendes (entre 1979 e 2000), que dá nome ao prédio de três pisos.
Regressa assim às suas origens, também como cantina social. Cozinha, refeitório, salão de convívio e de televisão, salas de costura, de jogos e de informática e ainda um pequeno ginásio, são os espaços disponíveis para os utentes do Centro de Dia da Misericórdia.
De acordo com o provedor, Vasco Fernandes, o número de pedidos de apoio de famílias com dificuldades económicas aumentou muito nos últimos quatro anos, com pedidos diários, e a Santa Casa torriense procura dar resposta a todos, quer através de cabazes de Natal ou sacos de géneros do Banco Alimentar Contra a Fo-me; quer através da Loja Social, que naquele dia foi igualmente inaugurada, liderada por Aida Franco.
São cerca de 500 pessoas aquelas que recebem artigos doados à Loja Social, após uma avaliação sócio-económica das famílias apoiadas. Roupas, brinquedos ou alimentos, são os artigos que mais são entregues às famílias mais carenciadas do concelho de Torres Vedras pela Misericórdia.
O almoço decorreu no novo Salão de Festas, um espaço localizado no Sarge, também inaugurado no mesmo dia, com cerca de 800 metros quadrados de área coberta e estacionamento automóvel no exterior. Está junto ao lar da instituição e foi aproveitado de um barracão que estava sem utilidade. Foi também naquele novo salão, que dispõe de palco, camarins, bar e copa, que tiveram lugar os discursos e a cerimónia final do dia. Vasco Fernandes explicou que o novo salão social e cultural foi aproveitado de um espaço que há 15 anos estava abandonado e destina-se a eventos da própria Misericórdia ou para alugar a outras entidades.
Apesar das dificuldades e do tempo de crise, Vasco Fernandes não deixou de sublinhar alguns projetos que a instituição tem já equacionados. Entre eles está a criação de um lar de acolhimento com capacidade para 20 crianças em risco, substituindo a extinta Associação Não à Indiferença, e ainda uma unidade de cuidados continuados, que continua a ser uma carência sentida na região.
“Precisamos de parceiros e de ajuda económica para concretizarmos estes projetos”, apelou o provedor, que se referiu ainda à questão do hospital de Torres Vedras, sem adiantar pormenores sobre o assunto.
A cerimónia ficou depois marcada pela intervenção sempre entusiástica do padre Vítor Melícias, também ele um torriense, tal como D. Manuel Clemente. Mostrou surpresa ao receber o diploma de Irmão Honorário da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, mas ao mesmo tempo orgulho pela distinção. “Sou presidente honorário da União das Misericórdias e irmão honorário de umas dezenas de Misericórdias, mas receber esta distinção na minha terra dá-me uma alegria especial”, confessou.
Houve ainda discursos de Carlos Andrade, secretário da União das Misericórdia Portuguesas; e Luís Rodrigues, presidente da mesa da Misericórdia de Torres Vedras. Carlos Miguel, presidente da Câmara Municipal, sublinhou as várias parcerias que têm sido realizadas entre as duas entidades, sempre em prol dos mais necessitados e da população torriense.
D. Manuel Clemente sublinhou a importância da “fraternidade e da solidariedade”, que são exemplo da atividade da Misericórdia de Torres Vedras. São, da mesma forma, uma solução para o tempo de crise que se vive não apenas em Portugal mas no mundo inteiro. “As crises são momentos de interrupção de expetativas, mas é preciso atuar e dar resposta a quem precisa no momento presente e a Misericórdia promove respostas concretas no presente”, disse o Patriarca de Lisboa.
A seis anos de completar cinco séculos de existência, a Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras foi fundada nos anexos da capela de Nossa Senhora do Ameal por D. Manuel I, que a proclamou por carta de 26 de julho de 1520, após a fusão de várias confrarias existentes à época. Atualmente presta serviços na área social, no setor da infância e idosos, com as ofertas sociais de creche, pré-escolar, lar, centro de dia, centro de convívio e apoio domiciliário, residências com serviços e com clínica, fisioterapia, ginásio, piscina e hidroginástica.
Jornal Badaladas, Edição de 7 de Agosto
Escrito por: Joaquim Ribeiro