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O Blog da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras

As últimas notícias sobre o Lar de Nossa Senhora da Misericórdia, Clínica Domus Misericordiae, ERPI, Creche, Jardim de Infância, CATL, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário

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O Voluntariado como Prática Corporativa

 

Já se pode notar um número crescente de pessoas, particularmente de empresários - homens e mulheres - que passaram a considerar ser da sua responsabilidade o acto de intervir positivamente em prol de uma sociedade mais justa e solidária. 

 

É vasto o leque de motivações que une essa classe de pessoas nas suas demonstrações de participação cívica e acção voluntária, sendo evidentes factores como o sentido de devolução social (give-back), consciência de civilidade e cidadania, inconformismo e mesmo descrédito nas instituições públicas que, em tese, deveriam ter essas responsabilidades (raciocínio derivado do Contrato Social de Rousseau).

 

O voluntariado social é uma das formas de organizar os que querem pôr seus recursos, conhecimentos, habilidades, experiência, tempo e motivação ao serviço do próximo, da redução das desigualdades de oportunidade e da diminuição das barreiras estruturais que limitam o exercício completo da cidadania de pessoas em situação desfavorável.

 

Historicamente, fazer trabalho voluntário significava, na maioria das vezes, um exercício pontual de caridade, geralmente motivado por compaixão, religião, vivência próxima a determinada causa ou, na ponta negativa, interesses de promoção pessoal ou controlo social. Por muito tempo, o voluntariado não se conseguiu  desligar da tradição filantrópica assistencialista e paternalista.

 

Nas últimas décadas, porém, uma série de transformações mundiais e locais começaram a mudar drasticamente esse panorama. Essas transformações são resultado da conjugação de diversos fenómenos, dentre os quais:

 

1- a mudança do papel dos Estados Nacionais (que cada vez menos conseguem garantir o bem-estar social igualitário),

 

2- a crise de credibilidade dos partidos políticos (que perderam legitimidade perante a população como mecanismos eficazes para a promoção das mudanças sociais necessárias),

 

3- o fortalecimento gradual das organizações da sociedade civil (ONGs), como contraponto à hipossuficiência do Estado e

 

4- o agudizar dos problemas económico-sociais - tais como desemprego e violência - que passaram a afectar diretamente não apenas os grupos de baixo  rendimento restritos às regiões periféricas (ou países do 3º. Mundo), mas também os segmentos de médio e alto rendimento, independente de região, ocupação e mesmo formação.

 

Nesse contexto, o 3º. Sector tem-se apresentado aos cidadãos e empresas como um ecossistema mais comprometido com a concreta transformação das realidades sociais negativas que afectam a vida das comunidades e, portanto, dos indivíduos.

 

As pessoas começam a perceber que, pelo voluntariado, podem não apenas ajudar a construir uma sociedade mais equilibrada, como também encontrar uma alternativa ao modelo individualista de que se tornaram reféns.

 

As empresas modernas, por sua vez, percebem uma oportunidade relevante de alavancar as suas metas de negócios através da sua postura de cidadania corporativa, visto que contribuir para o desenvolvimento e manutenção do seu ecossistema e para o incentivo à formação de cidadãos melhores (potenciais trabalhadores e consumidores) é missão que, de certa forma, lhe traz resultados, além de certa dose de admiração social.

 

Essa conjunção de factores vem desencadeando uma repaginação conceitual do chamado trabalho voluntário e de suas prerrogativas tradicionais.

 

O exemplo do que vêm acontecendo em todo o mundo, muitas empresas  começam a reconhecer o valor do incentivo e apoio ao envolvimento e desenvolvimento dos seus colaboradores como agentes voluntários nas suas comunidades, geralmente reforçando com compromisso pessoal e presencial o tradicional apoio financeiro dado por essas empresas aos diversos projectos ou programas sociais capitaneados por ONGs e representantes dessas comunidades.

 

Por  outras palavras, não basta financiar, há que arregaçar as mangas, literalmente. Como efeito prático, tal atitude tem resultado na satisfação pessoal para o funcionário voluntário e inúmeros benefícios para a comunidade, gerando directa ou indirectamente enormes ganhos para a empresa envolvida no processo.

 

Fonte: E - Consulting Corp