Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, informa sobre a Pobreza e Exclusão Social
Vivemos tempos difíceis, existem muitas famílias com grandes dificuldades, o desemprego nalguns casos inesperado, a falta de recursos para ultrapassar as necessidades do dia-a-dia, conduz-nos a um dilema sem procedentes, que as Instituições, Misericórdias e IPSS, tentam desdobrar-se em múltiplas respostas, que não chegam, que não dão resposta às inúmeras famílias que procuram ajuda, diariamente nos batem á porta, e cada um que chega, é novo na aflição que vive, e mais um no enorme caudal de necessitados que a sociedade de hoje tem, que a economia do país criou.
A Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, criou um departamento próprio para este tipo de atendimento, uma Assistente Social e um Voluntário, organizam processos e tratam de toda a logística até á entrega dos produtos vindos do Banco Alimentar Contra a Fome, temos consciência que no meio fica um vazio para alem da muita procura e da pouca oferta, que muitas das vezes acontece, a Santa Casa na última distribuição entregou muitos produtos adquiridos pela Instituição, porque são tantas as famílias e poucos os produtos vindos do Banco Alimentar Contra a Fome.
No entanto queremos e devemos referir, que como em toda a sociedade, existe o necessitado, e o que se diz necessitado, o desonesto que muitas vezes prejudica uma obra, aquele que nos procura com falsidade, que exige, que não sabe agradecer o que lhe é ofertado, e que depois de recolhido o bodo, vai dá-lo a outro dizendo que tem a dispensa cheia. È lamentável que o homem tenha tanta falta de humanidade, é lamentável o egoísmo e o uso da boa fé de quem dá.
Torres Vedras tem uma grande comunidade de pessoas necessitadas, e pior tem uma comunidade de pobreza envergonhada, aquele que passa fome e tem vergonha de pedir, tem a mãe que em desespero apela pelo leite para os filhos, porque nada mais tem para lhe dar.
A Santa Casa da Misericórdia distribui mensalmente na 1ª semana do mês os produtos alimentares, pedimos colaboração dos comerciantes da nossa zona que nos ajudem nesta missão a favor do próximo, existe sempre uma parte que podemos dispor a favor do outro, para um não faz falta, para o outro é o tudo que lhe faltava.
No nosso concelho existe tanto campo á espera de alguém que o cultive, porque não deixar um vizinho em dificuldade semear uma batata, um feijão…
Em tempos não muito remotos o Governo Civil distribuía leite para as crianças do mês até ao ano, um programa de primordial importância para tantas famílias, que infelizmente também acabou sem uma explicação.
Aproxima-se o Natal, a quadra da alegria e da maior tristeza para quem nada tem, como será a dor de um pai que não tem comer na mesa, que não sabe por quanto tempo vai ter um teto porque não tem dinheiro para a renda, a luz está cortada, a água não corre, e as lágrimas das crianças que não sabem o que aconteceu, a dor no olhar de quem julga que foi mau porque o Pai Natal não deixa o presente sonhado, como pode uma sociedade ajudar tantos pais nesta situação?
Peço a todos que dêem as mãos, vamos nos ajudar mutuamente, vamos dar ao outro e receber a alegria de partilhar
Vasco José Augusto Fernandes - Provedor