Avaliação feita antes das cimeiras do G8 e do G20 deste fim-de-semana mostra progressos, mas confirma que em áreas como a saúde materna e a mortalidade infantil há muito por fazer.
Mesmo com as crises alimentar e económica, que provocou sérios danos no emprego, o mundo está a avançar na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Mas esse progresso é lento e para que as metas sejam alcançadas até 2015 os países devem acentuar os seus esforços, indica um relatório das Nações Unidas.
O documento, divulgado esta semana, em vésperas das cimeiras do G8 e do G20, que reúnem as principais economias do planeta este fim-de-semana em Toronto, no Canadá, indica que a pobreza extrema diminuiu, o combate a doenças como o HIV/sida e a malária tem dado frutos, o acesso a água potável aumentou e há avanços na escolarização básica, designadamente em África.
Só que noutras áreas críticas, como a saúde materna, a mortalidade infantil e o acesso a saneamento básico, é preciso percorrer um longo caminho para manter a esperança de alcançar os ODM - fixados há dez anos com a intenção de lutar contra a pobreza extrema e reduzir as suas consequências em domínios como a fome, a saúde e a educação.
"A pobreza extrema caiu de 46 por cento em 1990 para 27 por cento, e deve baixar para 15 por cento em 2015, em grande parte devido aos avanços na China, Ásia do Sul e Sudeste da Ásia", referem as Nações Unidas. Os 15 por cento desejados significariam, ainda assim, que 920 milhões de pessoas estariam nessa altura a viver abaixo do limiar de pobreza fixado em 1,25 dólares por dia (à volta de um euro). Apesar da evolução, o relatório reconhece que a fome e a má nutrição estão a crescer em regiões como a Ásia do Sul e que persiste o fosso entre ricos e pobres e comunidades urbanas e rurais que torna o mundo desigual.
No caso da mortalidade infantil, os avanços, quantificados numa redução de 28 por cento entre 1990 e 2008, para 72 mortes por mil nascimentos, são muito limitados. A distância a percorrer para atingir a meta de diminuição de 66 por cento é ainda muito grande. Só em 2008, segundo os dados das Nações Unidas, morreram 8,8 milhões de crianças com menos de cinco anos.
Nas regiões pouco desenvolvidas, menos de metade das mulheres têm acesso a cuidados médicos durante a gravidez. Para que as metas em matéria de mortalidade na gravidez sejam cumpridas será necessário, segundo cálculos avançados pela AFP, uma diminuição anual de 5,5 por cento até 2015. Só desse modo se chegaria ao objectivo de redução de 75 por cento face a 1990.
Fonte: Jornal Público de 26.06.2010 - Por João Manuel Rocha