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O Blog da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras

As últimas notícias sobre o Lar de Nossa Senhora da Misericórdia, Clínica Domus Misericordiae, ERPI, Creche, Jardim de Infância, CATL, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário

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Dia Nacional das Misericórdias

Somos instituições com mais de cinco séculos de existência e a nossa identidade tem sido celebrada, por todo o país, no Dia Nacional das Misericórdias, 31 de Maio, conotado no calendário com a festa da visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. A todos aqueles que trabalham em benefício deste movimento de bem-fazer, um grande bem-haja.


Conferência e recital de órgão de tubos na igreja da Misericórdia em Torres Vedras

 

BADALADAS | 25 Junho 2010

Por: VANESSA LOURENÇO
vanessalourenco@badaladas.pt

O historiador Ferreira da Silva, de 92 anos, esteve em Torres Vedras no passado dia 17 na igreja da Misericórdia para uma conferência sobre a "História das Misericórdias" em Portugal.

A palestra começou com a leitura da introdução de um livro publicado pelo historiador sobre o convento de São Bernardino no concelho de Peniche, e que contextualiza tanto o início das Misericórdias em Portugal como a importância do Oeste, "conhecidas no século XII por as terras da Rainha Santa Isabel, por terem sido oferta do Rei Dom Diniz l pelo seu casamento", no seu aparecimento.

 

Ferreira da Silva afirmou ter sido a Rainha Santa a primeira a ligar a palavra "misericórdia" a uma associação de caridade ou de beneficência em Portugal. Algo que importou das suas peregrinações a Santiago de Compostela, principalmente da última quando foi incógnita ao santuário e se albergou em hospedarias que pertenciam à confraria dos frades de Nossa Senhora de Rocamadour (França), onde não existia destrinça entre classes.

 

Ferreira da Silva historiador de 92 anos
falou da História das Misericórdias em Portugal

O historiador falou do início das Misericórdias, da evolução e adaptação dos serviços prestados ao longo dos séculos, da importância que Dona Urraca lhes atribuiu até à forma organizada como Dona Isabel as implementou.

Ferreira da Silva, historiador de 92 anos, falou da história das misericórdias em Portugal: "As Misericórdias são as germinações das sementes que vêm dos princípios da fundação de Portugal e que se adaptou às necessidades de cada tempo e época. Sou apologista de que a definição dos objectivos das Misericórdias está escrita no livro dos Géneses: «Não é bom que o homem viva só, faça-se algo que lhe se/a semelhante e sirva de auxilio». Deus decretou a solidariedade, sendo esta a base das Misericórdias, ao que depois se pode juntar outra frase «Façam aos outros como a vós mesmos»", disse Ferreira da Silva.

Na História as Misericórdias tiveram um papel relevante na ajuda ao próximo, "que ainda hoje têm e que nunca acaba. As Misericórdias estão na História não por aquilo que foram, mas agarrando-se àquilo que ainda podem vir a ser", explicou o historiador, que apontou dois pontos fundamentais para a la-boração daquelas instituições: o rever as origens e refazer a História, porque: "foram feitas do povo e para o povo, por isso o rei outorgava e a Igreja abençoava".

A concluir Ferreira da Silva afirmou que as Misericórdias ainda têm um papel muito importante a cumprir no país, por isso mesmo continuam activas e com um lugar cativo na vida da comunidade onde estão inseridas.

A conferência foi antecedida por um recital de órgão de tubos pelo organista Daniel Oliveira, natural de Alenquer, que tocou J. S. Bach, António Brocarte, Carlos Seixas, Juan Cabanilles, Francesco Gasparini e Andrea Luc-chesi. Vasco Fernandes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, anunciou também que a partir do próximo mês uma das celebrações de sábado realizadas naquele templo passarão a ser acompanhadas pelo referido organista.

História das Misericórdias Portuguesas - 500 anos

 Formadas num momento de grande prosperidade económica nacional, o reinado de D. Manuel I (1495-1521), com o intuito de praticar as catorze obras de misericórdia do catecismo cristão, as misericórdias portuguesas cedo se transformaram numa instituição abrangente e polifacetada, que absorvia um espectro variado de práticas de caridade. Mas também se foram constituindo num dos principais pólos do poder local do Reino, agregando as elites locais. Apesar de serem protegidas pelo poder régio, de quem dependiam directamente, actuaram com uma grande margem de liberdade em relação ao poder monárquico, sem deixarem de acusar as configurações próprias de cada momento histórico.

 

Embora fossem confrarias ou irmandades, as misericórdias distinguiam-se das restantes pela natureza jurídica, que era civil, e pelas actividades que eram de carácter social e dirigidas para o exterior de si próprias. Assim sendo, o consulado pombalino (1750-1777) e a regência joanina (1792-1816) consideraram-nas capazes de assegurar a assistência no reino. Mas para isso coarctaram a sua tradicional autonomia com um conjunto de medidas que procuraram viabiliza-las financeiramente, orientar as suas actividades segundo as necessidades do país e fiscalizar o seu desempenho.

 

Tanto o Liberalismo (1834-1910), como a 1ª República (1910-1926) como ainda o Estado Novo (1926-1974) seguiram essa mesma política, pois todos estes regimes viram nas misericórdias os órgãos centrais da assistência portuguesa. Só depois da Revolução de 1974 o Estado deixou de as considerar fulcrais na protecção social. Mas as misericórdias reagiram e mais uma vez se adaptaram e sobreviveram, embora à custa de transformações. Hoje continuam a ser instituições pujantes, assumindo um variado leque de serviços. Mantendo o espírito cristão, respondem na prática às actuais formulações de protecção e solidariedade social que decorrem do apelo da dignidade da pessoa humana.

Fonte: História Breve das Misericórdias Portuguesas, de

           Isabel dos Guimarães Sá e  Maria Antónia Lopes

 

 

            

Uma breve história das Misericórdias

 

A obra das Misericórdias nasceu em 1498, no ano em que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia. Mas até essa data as instituições de beneficência eram rudimentares e encontravam-se dispersas e sem estatuto. Desde a fundação da nação portuguesa, inspiradas pelo espírito de caridade cristã, foram sendo criadas ordens religiosas e militares pelos reis, municípios, bispos, confrarias e particulares. Estas induziam os homens de todas as classes sociais a socorrerem os pobres e necessitados na ausência de qualquer sistema de segurança social organizado.

É neste contexto histórico que o cruzamento de duas figuras dará origem à futura rede de Misericórdias: Frei Miguel Contreiras e a rainha D. Leonor.

Frei Miguel Contreiras era um admirável pregador e amparo dos mais desfavorecidos. Pelo que se dizia, percorria as ruas de Lisboa com um anão que recolhera para sua protecção e um jumento no qual carregava as esmolas, para "acordar a caridade" e acudir os pobres e indefesos. A sua fama chegou aos ouvidos da rainha D. Leonor, que o nomeou seu confessor e mestre espiritual. Em 1484, D. Leonor fundou o Hospital das Caldas, dedicado aos pobres, na igreja onde instituiu uma confraria de caridade, sendo este um prenúncio da Misericórdia. Em conjunto com Frei Miguel Contreiras, desenvolveu uma série de obras significativas de ajuda aos necessitados.

Foi então em finais do século XV que, um grupo de "bons e fiéis cristãos", como reza a História, liderados por Frei Miguel Contreiras, na presença da rainha D. Leonor e das mais altas personalidades religiosas e civis, assumiu o compromisso de se dedicar à prática das 14 Obras de Misericórdia quanto fosse possível.

Gozando D. Leonor de grande prestígio junto da corte e do rei, é neste momento que surge a Irmandade da N.ª Sr.ª da Misericórdia de Lisboa com a aprovação do rei R. Manuel, a génese de todas as que lhe seguiram até aos nossos dias. O monarca tomou-a sob a sua protecção em 1498.

Durante os seus cinco séculos de existência, a acção de assistência social das Misericórdias assenta nos pilares das já referidas 14 Obras de Misericórdia, a espinal medula da sua cultura institucional.

As Sete Obras Corporais
1. Dar de comer a quem tem fome.
2. Dar de beber a quem tem sede.
3. Vestir os nús.
4. Dar pousada aos peregrinos.
5. Assistir aos enfermos.
6. Visitar os presos.
7. Enterrar os mortos.

As Sete Obras Espirituais
1. Dar bom conselho.
2. Ensinar os ignorantes.
3. Corrigir os que erram.
4. Consolar os tristes.
5. Perdoar as injúrias.
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo.
7. Rogar a Deus por vivos e defuntos.

As Santas Casas da Misericódia primavam por tratar todos os seres humanos como irmãos, independentemente da sua raça, linguagem e cultura. Instalavam e mantinham hospitais e outros equipamentos de promoção e acção social à disposição de toda a população.

A expansão e as tentativas de estatização

Estas instituições foram crescendo em número pelo território português e além-mar, sendo levadas para todo o mundo a bordo das naus e caravelas quinhentistas vindas de Portugal, semeando assim a sua mensagem de fraternidade e solidariedade à volta do planeta.

Ainda hoje se encontram Santas Casas da Misericórdia na Índia, no Japão, em todos os territórios africanos de língua portuguesa, em Espanha e em Itália.

Apesar de terem sempre procurado manter a sua identidade, as Misericórdias foram submetidas a algumas influências de laicização. A Misericórdia de Lisboa foi a única que cedeu a uma estatização completa em meados do século XIX, o que resultou na perda do seu estatuto canónico de Irmandade.

Uma nova tentativa de absorção estatal deu-se em 1974, no seguimento das políticas de nacionalizações da revolução do 25 de Abril. As Misericórdias então federaram-se em União das Misericórdias Portuguesas (UMP), tendo-se afirmado com uma personalidade própria através de várias iniciativas em todo o país. Em 1979, as Misericórdias do Brasil também se federaram com as portuguesas, dando origem à Confederação Internacional das Misericórdias.

A organização das Misericórdias

As Irmandades ou Santas Casas da Misericórdia são hoje consideradas pelo Estado associações constituídas na ordem jurídico-canónica, com o objectivo de satisfazer carências sociais e de praticar actos de culto católico, segundo os princípios da doutrina e moral cristã. O Compromisso da Misericórdia tem o valor dos estatutos que regem a instituição. Neste estão definidos a denominação, a natureza, a organização e fins da instituição, as condições de admissão dos irmãos, seus direitos e obrigações, o culto e assistência espiritual, o património e regime financeiro da Misericórdia e os seus corpos gerentes. Os corpos sociais de uma Misericórdia são a Assembleia Geral, a Mesa Administrativa e o Definitório/Conselho Fiscal. Os membros dos corpos e órgãos sociais são voluntários. No que diz respeito à hierarquização organizacional, a União das Misericórdias Portuguesas é a entidade que federa todas as Santas Casas de Misericórdia no país.

 

   Fonte: http://goisvive.blogspot.com